segunda-feira, 5 de novembro de 2007

O banco do meio

A maioria dos trens do metro de Toronto tem os bancos dispostos em grupos de dois e 3 bancos. Dois bancos juntos, igual no metro de Sao Paulo, colocam o passageiro de frente ou de costas para a frente do trem. Mas o bancos dispostos em grupos de 3 deixam o passageiro de costas para a janela e de frente para o interior do trem.

A maioria das pessoas parecem preferir os bancos em grupos de dois, mas quando nao restam mais deles vagos, quando na verdade os grupos de dois so tem um dos bancos vagos o outro estando ocupado, a galera comeca a usar os agrupados em 3. E entao um senta em uma ponta, outro em outra, sobrando o do meio vazio. E as vezes o do meio vai vazio ateh o final da linha. Mas frequentemente alguem senta no meio.

Faz parte do desejo humando pela privacidade, eu acho. O sujeito, e ai vou evitar falar especificamente de mim pois talvez seja assunto para outro post, prefere ficar em pe do que sentar ali. E eu tenho notado que as vezes prefere ficar em pe do que sentar no da beirada. Frequentemente o canadense estah um pouco acima do peso e resolve sentar ali no meio, entao ele ocupa mais do que o banco do meio e a situacao nao fica muito confortavel. Principalmente porque esses sao os que preferem sentar em qualquer lugar a ficar em pe, geralmente.

O banco do meio, e os outros daquele grupo, tambem tem o inconveniente de que quando o trem acelera ou desacelera, geralmente o individuo do seu lado encostta mais em voce. O contato que parece ser evitado a todo custa, nesse momento torna-se inevitavel porque o individuo no banco do meio nao tem onde se segurar. E se ele esta distraido, ou se o trem resolve desacelerar fora de hora, entao as consequencias sao piores. Se o sujeito estah lendo um livro, o contato do colega do lado mediante uma brecada do trem o faz parar.

Com a chegada do frio a coisa piora, porque as blusas grossas daqui tornam as pessoas aparentemente bem maiores. O espaco no banco do meio fica pequeno e frequentemente voce tem que abrir caminho se quer sentar lah. O contato nao pode mais ser evitado. Mas imagino que pelo menos deva servir para aquecer mais.

E a correria para nao ter que pegar o banco do meio tambem eh grande. Os usuarios primeiro vao o quanto podem para o final da plataforma, ou inicio dela, esperando lah encontrar um vagao mais vazio, o que muitas vezes nao acontece porque na estacao anterior outros tiveram a mesma ideia. E depois, quando a porta abre e todo mundo exerceu sua cidadania esperando os que estao dentro sair, as pessoas entram afobada, busncando por um lugar que preferencialmente nao seja no meio. Se so sobrou os do meio, entao ha aqueles que sentam prontamente, aqueles que hesitam, mas sentam, ha aqueles que simplesmente ignoram e fingem que nao veem o banco vago e ha aqueles que nao sentam ali de jeito nenhum. Como eu sei? Bom...

E se voce esta dentro do trem, sentado, entao vale a pena reparar nos que entram. Vale ateh a pena voce voltar uma estacao para estar sentando quando o trem chega na estacao principal, e poder reparar bem os que entram, que nessa estacao sao muitos, e nem todos irao sentados. E repare no olhar deles procurando por bancos vazios. E havendo um sao como coelhos atraidos por uma suculenta cenoura. E ha casos engracados, onde dois coelhos veem ao mesmo tempo a mesma ccenoura, um sempre vai ficar frustrado.

E o comportamento adquirido pela rotina se mostra claro quando voce no trem cheio, com todos os bancos ocupados, chega numa nova estacao. O sujeito que entra, ainda que o trem esteja cheio, procura por bancos e acaba por estacionar, meio inconformado, em pe em algum lugar que de para segurar.

E o dia segue assim, trem apos trem, na rotina do metro de Toronto, que eh soh mais uma rotina cheia de particulares como tudo mais...

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