terça-feira, 18 de dezembro de 2007

O chefe do chefe

Eu estava entretido com um programa em VBA quando notei que já era mais de 18h. Aqui eles dizem 6 PM. Uma vez eu escrevi 13h no g-talk e a minha colega de trabalho me retornou um ponto de interrogação. Eles não usam 13h, eles falam 1PM. Bom, o chefe já tinha ido embora, mas o chefe do chefe ia saindo. Ele é uma pessoa legal, bastante legal. Na primeira vez que fui apresentado a ele, ele me disse que era para eu me sentir livre, para não ter medo de ser ousado, de trazer para eles coisas novas. Eu não soube como interpretar isso, se ele quis me deixar a vontade ou se ele já tava meio que estabelecendo metas. Achei de qualquer forma meio estranho, eu era um mero brasileiro num país de primeiro mundo, esperava muito mais aprender do que ensinar.

Mas isso não importa. Ele sempre foi legal, sempre me cumprimentou, apesar de ser o chefe do chefe. E ontem, ele, com o chefe dele, que naturalmente é o chefe do chefe do chefe, entraram na sala do chefe e fecharam a porta. Mas eu tava lá dentro. O chefão começou dizendo que o assunto era algo secreto e tal. E desenrolou a falar. Eu no começo fiquei meio sem jeito de estar ouvindo algo assim, que poucas pessoas devem saber, mas ao mesmo tempo a sensaçao foi legal porque eles já confiavam em mim. Mas a sequencia de acontecimentos favoráveis não começou aí, havia começado na quinta passada (ou talvez quando eu cheguei aqui, ou talvez antes) quando o chefão na reunião de final de ano de apresentação de resultados anunciou para os quase 100 funcionários que eu era um dos funcionários premiados pelo bom trabalho. Logo eu que digo que as empresas capitalistas são mais que tudo exploradoras e se te pagam X é porque ganham 10X com seu trabalho. Mas foi um sinal que e as pessoas gostavam de mim, isso foi mais importante que qualquer prêmio. Todo o receio que eu tinha antes de subir no avião praticamente acabou ali, eles gostavam realmente de mim, não me discriminavam por ser brasileiro, eles pareciam realmente sinceros. E depois da reunião top secret o chefe me disse que achou interessante eles não terem pedido para eu sair, disse que os chefes, essa alta cúpula aí, já me conhecia e já confiava em mim.

E depois disso tudo, temos contexto para o dia de hoje, depois das 6 da tarde, eu saindo da empresa junto com o chefe do chefe. Baixinho, engraçado, com voz engraçada, gosta de fazer piadas. Mas não fez piada, me perguntou como estava o frio. Eu fico meio sem jeito, mas sempre digo a verdade, disse que tava gostando muito, disse que não me cansava de ver a neve, de ver tantas coisas diferentes, tão bonita, uma natureza tão diferente. Contei a ele que andei da Dundas até a Pape no sábado para sentir melhor a neve. Mas disse também que tava muito frio. Ele respondeu que vai esfriar mais, e que essa neve toda não é comum que caia assim, de uma vez. E continuamos andando, ele também ia para o metrô. Me perguntou como vai o trabalho, eu disse que tava me divertindo muito, que era muito bom trabalhar com as pessoas com quem eu trabalhava, que as pessoas tem sido muito mais legais comigo do que eu poderia imaginar. E disse também que os canadenses não perdiam para os brasileiros em alegria, embora eu tivesse ouvido falar que eram mais frios. Ele me respondeu que sim, os canadenses são mais frios, mas que no meu caso as relações no trabalho tem sido melhor do que a média.

Estes têm sido dias bons, dias de inverno felizes. Há muitas dificuldades, mas também coisas que valem a pena. Eu sempre procurei ter um bom relacionamento com todos, conseguia no Brasil e é ótimo que tem sido assim também aqui. Só espero que os canadenses não fiquem só nas palavras, como os brasileiros, e aumentem meu salario...

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