sábado, 30 de agosto de 2008

Almoço diferente

Uma das coisas impressionantes de Toronto é a diversidade cultural trazida pelos tão diferentes povos que aqui vivem. Na sexta feira o meu colega de trabalho etíope disse que me ligaria no sábado para a gente almoçar em um restaurante que ele achou e cujo nome é "Brasiliano", e que ele disse que gostou. Ele sabe que eu não ligo muito para restaurantes e que se depender de mim eu só vou chamar ele para almoçar na hora do almoço do trabalho.

Eu disse Ok, meio desconfiado que o nome do restaurante podia ser um falso indício de que o negócio era brasileiro. Mas ele me ligou - "Estou indo, em 10 minutos estou aí para te pegar!" - Caracas. Então eu tenho 10 minutos para tomar banho, me vestir e tal. 5 minutos depois ele me liga novamente - "Estou aqui em baixo...desce aí...". Santa velocidade... Desci. Estava lá ele de carro disposto a me levar para o tal Brasiliano.

Descemos pela Spadina e eu reconheci na luz do dia o percurso que eu tinha corrido ontem de madrugada. Quando nos aproximamos do centro as ruas ficaram cheias, barracas nas calçadas, ele disse - Estamos na Chinatown, aqui muitos deles nem sabem falar ingles, veja o nome das lojas, tudo em chines... - Era mesmo, e muito chines nas calçadas. Ele virou à direita, pegou a Queen sentido Oeste, chegamos no Brasiliano e ele foi comprar o ticket do parquímetro - No Brasil não temos isso... - eu fui dizendo, e ele emendando - Na Etiopia ficam uns sujeitos andando pela rua vendendo ticket, também não existe parquímetro... - eu disse que no Brasil era assim também, meio sem saber direito como é no Brasil pois nunca tive carro...

Entro seco no Brasiliano e foi para as bandeijas estilo self-service dos restaurantes brasileiros.... estavam vazias! O sujeito disse que hoje excepcionalmente, não haveria almoço. Ele ficou sem jeito de ter me levado lá num dia sem almoço, e eu me divertindo com a situação, principalmente pelo fato da inversão dos papéis, ele me levando no restaurante brasileiro (segundo ele) para eu conhecer a comida brasileira (porque ele já tinha ido lá), e nada para comer... - Ok - eu disse - vamos andar por aí, tem outros restaurantes, a gente almoça em qualquer canto...

Ele não quis, pegamos o carro - Onde vc vai? - perguntei - podemos ir no Ginger - continuei, mencionando o nome do restaurante que a gente vai sempre, todo dia mesmo, na hora do almoço. Ele deu risada, não iria nem a pau. Eu vi que ele tava meio perdido, pensativo, pego de surpresa pelo Brasiliano ter pisado na bola - Porque a gente não vai num etíope então? - eu sugeri. Ele respondeu meio repentinamente, como se estive esperando que eu fizesse a pergunta, e já meio estacionando o carro - Ok, então vamos, tem um aqui!

Eu sempre notei uma certa reticencia nele em ir no restaurante etíope, e eu sabendo que a comida seria diferente nunca nem insisti muito dada o meu apego ao arroz com feijão e ao fato de ele dizer que os etíopes comiam carne de camelo e comida com bastante condimento. Mas eu sabia que no restaurante etíope do Canada não seria servido camelo ensopado. O pouco de relutância dele no entanto, se é que existia mesmo, seria mais pelo fato das enormes diferenças culturais, seria razoável para ele imaginar que nós ocidentais achariamos bem estranho e talvez nem apreciaríamos a comida...

Ok - ele foi me avisando - a gente come com a mão, a comida é apimentada... - e eu respondendo - Tá bom, tem coca- cola não tem? Se tiver muito apimentado eu bebo uma coca-cola para dar uma esfriada e vou seguindo o que você faz porque realmente nunca fui num restaurante onde se comesse com as mãos... Mas senti ele ainda meio desconfortável...

Veio o menu, ele conversou em Armaico (uma das linguas lá da Etiópia) com a garçonete. Disse que pediu um prato para dois, com uma parte com carnes e outra com vegetais, eu poderia experimentar e comer o que eu quisesse. E disse que pediu para maneirar no tempero.

A coca cola veio antes e depois veio um pratão que a garçonete colocou no meio da mesa, era somente aquele prato para os dois, era assim que funcionava. Do lado um prato menor com um tipo de pão meio elástico que eles chamam de injera, o qual é bem fino e voce usa pedaços dele como se fosse guardanapo para pegar a comida com a mão, e na hora de comer come tudo. Aqui eu achei uma foto de um típico prato etíope.

Foi interessante e bem diferente, e a comida estava boa, embora com bastante tempero o que para quem não tá acostumado como eu é meio forte. Mas deu para comer bastante e acabei me lambuzando bastante, ao contrário dele que pegava tudo com muita destreza. Ok, é a primeira vez... Ele disse que aquele jeito de comer era o dia a dia na Etiópia, e que eles usavam garfos somente raramente quando acabava a injera e eles então faziam macarrão.

A outra parte interessante foi que conversamos bastante sobre a Etiópia e o país vizinho, o Quenia onde ele também morou. Ele falou sobre o governo, as tribos, as brigas tribais, a colonização, educação e várias coisas da Etiópia e Quenia. Disse que o corredor Abebe Bikila, ouro olímpico em duas maratonas na década de 60, é um herói nacional. Eu tinha que falar de corrida né....

Um comentário:

Alison G. Altmayer disse...

Oi Looping,

a cara da comida estava ótima! Porque será que o Brasiliano estava fechado??? Bom fim de semana para ti por aí.

Progression Run

 Semana passada teve um Progression Run e hoje teve outro. 5 minutos de aquecimento, 20 de corrida leve acima de 5:20 por km, 10 de corrida ...