sexta-feira, 26 de outubro de 2007

O Antes

Foi assim, em Fev/07 eu eu comecei a entrar em contato com o RH daqui para uma possível transferência de unidade dentro da própria empresa. Em meados de Março eu já tinha feito várias entrevistas e estava na fase final do processo de conseguir uma vaga, o que aconteceu no começo de Abrill.

De Abril até final de Julho foi a maratona para conseguir o visto e permissão de trabalho, e um opuco da razão dessa demora foi devido a formalidade, visto que a empresa, aqui, acompanhou todo o processo e praticamente fez tudo o que eles podiam, deixando só a parte de entrar com o pedido por minha conta.

Eu recebi o visto na sexta feira,comprei a passagem e viajei no domingo.

E retornando agora a semana anterior a viagem, vejo que embora eu não estivesse muito proecupado, foi uma das épocas que eu mais pensava na grande mudança. O apartamento já vazio, com as coisas todas embaladas, tudo tão quieto, tão simples, tudo com tantas memórias, tudo ficando para trás, eu levaria apenas o que coubesse em duas ou tres malas.

Quando eu recebi o visto e entao sabia que viajaria muito em breve, o embiente se tornou mais tenso, pesado, eu precisava me mover, tudo estava realmente acontecendo. Eu precisava fazer as malas, comprar dinheiro canadense, comprar roupas para o trabalho, pensar no que era importante levar e no que não era de uma forma racional, pois muita coisa ficaria e o que ficasse nao poderia me fazer falta.

E ao mesmo tempo que tudo isso acontecia eu nao tirava o pensamento de como seria quando pousasse em solo canadense, mil simulações de situações passavam pela minha cabeça, tantando adivinhar o que aconteceria. No fundo eu sabia que era em vão, não só eu tinha pouca ideia das coisas como também seja como fosse eu teria muito o que enfrentar. Sozinho.

E quantas vezes passou pela minha cabeça do porque eu estava fazendo isso, se não era realmente melhor ficar com o bom emprego que eu tinha no Brasil no lugar de mudar para um país que eu sequer sabia se eu ia me dar bem, se eu ia me adaptar, se eu ia gostar. Eu não precisava mudar de emprego, não era por isso porque eu adorava trabalhar em São Paulo. E às vezes o porque realmente parecia um mestério, as coisas pareciam não fazer sentido. No fundo era talvez somente um desejo grande de novas aventuras, de aproveitar oportunidades, de conhecer muitas coisas novas, de dar um sabor especial para a vida. Mas, bom que se diga, nunca achei que faltasse nada disso no Brasil.

E mais no fundo, meio escondida mas também uma razao importante, estava a revolta que eu sentia pelo brasileiro de forma geral. Eu já não conseguia ir para o trabalho sem reparar nas coisas estranhas que o povo fazia com o próprio país. No Brasil de uma forma geral, as pessoas nao pensam nos outros, cada um pensa somente em si, e essa talvez seja a melhor forma de definir o que para mim faltava no brasileiro, e que fazia muita falta para mim. E o resto, violência, corrupção, falta de educação, golpes, tudo era somente consequencia.

Então é verdade, eu estava vindo para cá sem data para voltar, e ainda não tenho. E deixando tudo para trás. Era um passo meio que no escuro, um passo não sem risco, mas que eu tinha me determinado a dar e agora não voltaria para trãs. Quando uma idéa de que algo podia dar errado me passava pela cabeça, eu logo rebatia com um "dane-se". Eu tinha que ir, e mesmo que tudo desse errado, ainda assim seria uma experiência válida e eu aprenderia muito.

No dia da viagem a Lika me acompanhou até o aeroporto e eu não posso dizer que não estava de certa forma apreensivo. Tentava me manter calmo, mas em breve subiria no avião e quando descesse, estaria num mundo novo, tudo diferente, teria que me virar sozinho. E quando ela me deixou na fila enorme da sala de embarque, eu nao fiquei sozinho, longe disse, estava entretido por milhares de pensamentos, idéias e emoções.

E foi assim que deixei para trás tanta coisa que tanto critiquei, mas tambem tanto gostei. A minha opinião nao mudou, mas dificilmente falo mal do Brasil para os daqui, e se conto algo ruim de lá é porque antes já falei de coisas boas. Afinal o Brasil tem muitas qualidades se comparado com qualquer lugar, qualidades que aprendemos a gostar e que fazem falta.

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