quarta-feira, 6 de maio de 2009

Sozinho denovo

O meu colega etíope deixou o trabalho (e felizmente já arrumou outro emprego), e eu fiquei sozinho. Bom, fiquei com o chefe. Mas chefe é chefe, o etíope era um bom amigo, a gente ia sempre almoçar juntos, a gente dava muitas risadas, eu me sentia a vontade com ele ainda que no trabalho era tinha bastante a aprender (e eu também, claro), mas era o primeiro ano dele.

Etiópia e Brasil... parece que não mas tinhamos tantas coisas em comum que nos fazia as vezes dar risada. Uma vez eu falei para ele que no Brasil a gente tinha um bicho parecido com o cavalo que a gente chamava de burro (foi duro explicar em ingles o que era um burro, mas nao é o donkey, pelo menos pelo que entendi nao é). E eles tem o donkey, que é o jumento, na etiópia, e usam ele como a gente usa aqui. E ficamos conversando das similaridades. Mas as similaridades eram maiores porque ambos temos origens meio que rural. E ele então é muito conservador, embora já tenha pegado muito da cultura canadense. Quando eu disse a ele que a gente usava uma balança que movia os pesinhos para lá e para cá para equilibrar o esquema e ver o peso, ele morreu de dar risada porque era a mesma que se usava no país dele, mas nunca vimos semelhante no Canadá (naõ que não tenha). Há, e teve a do cachorro. Estávamos falando de uma segmentação que fizemos sobre donos de cachorro. Foi hilário porque eu acho que hoje em dia a galera de SP é cheia de frescuras com cachorros sendo que eu sempre vi o chachorro como algo que deve ficar lá vigiando a casa e comer as sobras, se tivesse sobras. Era assim que funcionava lá no sitio. Mas em São Paulo os cachorros vivem melhor que as pessoas. Então na segmentação teve aquele segmento de donos que dizem que "o cachorro é meu bebêzinho". E era um grupo grande de pessoas. E eu disse ao etíope que ele pertencia àquele grupo. Pra que, ele logo percebeu o que eu penso de cachorro e ele é pior que eu, disse que quando pequeno jogar o gato na parede era o mínimo que ele fazia no país dele. Minha nossa, aí também eu falei pra ele que ele passou dos limites, e ele concorda, hoje ele não faria. Mas considerar um cachorro um bebê era algo comumente hilário para a gente, para o jeito que crescemos e convivemos com cachorros.

E eu contava para ele os vocabulários engraçados e frases comuns à lingua portuguesa, traduzindo literalmente para o ingles, é claro, o que as vezes não faz sentido. Como quando eu traduzi vira-lata para o ingles para falar para ele como chamamos a melhor raça de cachorro no Brasil. Foi difícil, deve ser algo como "turn can". Sei lá... O provérbio "Quem não tem cão caça com gato" ele adorou. Ele disse que na Etiópia chamar alguem de burro (o animal) é o mesmo que dizer que a pessoa é preguiçosa. Eu disse a ele que no Brasil tem outro significado. Ele também gostou do ditado "Ou c... ou sai da moita". E a gente brincava muito com isso. Aprendi bastante sobre a Etiópia, é um país bem pobre, nem se compara com o Brasil.

Mas agora ele se foi, pois trabalhava por contrato temporário, e o contrato terminou. E eu voltei a almoçar sozinho na maior parte das vezes... A maior parte da galera trás comida, então o que posso fazer...

Um comentário:

Mayumi disse...

É... aqui em nosso país, quando perdemos a companhia de um colega, já sentimos. No estrangeiro, sentimos mais ainda... sei do que vc está falando. E estas coincidências, a gente só nota mesmo quando estamos fora e conversamos com pessoas de outros países, não é? Legal esta experiência!

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