domingo, 24 de maio de 2009

As mortes estão acontecendo mais em casa e menos nos hospitais

Uma pesquisa bastante interessante mostrou que menos gente tem morrido nos hospitais nos últimos anos no Canadá. Eles usam isso para dizer que mais gente morre em casa (esse é o foco da matéria), mas eles não mostram os números dos percentuais que morrerem em casa, se aumentou mesmo ou não, mostra apenas a diminuição nos hospitais. Pode ser, imagino, que menos gente tem morrido nos hospitais porque mais tem morrido de acidente de carro por exemplo, nem em casa nem no hospital. Ou seja, menos em hospitais não significa mais em casa necessariamente. Mas enfim, não é claro o que aconteceu com o percentual de mortes em casa, porque só temos os números dos hospitais. Mesmo levantando-se suposições razoáveis do porque as pessoas morrem mais em casa, isso não quer dizer que elas morrem mais em casa, precisa se mostrar os números. Outro ponto a ser observado é a falta de definição do que é "morrer no hospital" (já que esse é o único dado que apresentam) e de algumas metodologias básicas do levantamento, como a forma de coleta dos dados, os possíveis locais considerados, abrangência, possíveis diferenças entre forma e abrangência de registros quando começou o estudo (1950 e agora).

Sem essas informações mais precisas o leitor que sabe um pouco de estatística fica com coceira para encontrar estas informações e não consegue acreditar na conclusão, ainda que ela seja totalmente correta.

Estes pontos não significam que eu duvide do achado do estudo, pelo contrário, acho que faz sentido e é interessantee chutaria que é verdadeiro - mais gente morre em casa agora do que no passado - e arriscaria a pensar no porque. É difícil querer tirar conclusões conhecendo pouco o sistema de saúde canadense e sua evolução, o que é o meu caso, mas eu diria que a maior taxa de "home care" que possivelmente existe no Canada agora comparado com o passado é realmente uma razão interessante que pode explicar isso. Mas seria bom quantificar o "home care", o que deve ser possível. Outro ponto é que eu esperaria que com o passar do tempo, o avanço da medicina e mais gente tendo acesso a medicina e hospitais, seria de se esperar que cada vez mais gente (estamos sempre falando proporcionalmente) morresse nos hospitais, a não ser que doenças que fazem a morte ser previsível tem sido mais resposável pelas mortes (aí a pessoa sabendo que não tem chance pode escolher onde passar seus últimos dias e talvez a maioria prefira em casa). Então temos umas suposições que dá umas discussões interessantes, mas com a obscuridade de dados e metodologia ficamos com a impressão que podemos estar perdendo tempo discutindo um achado que pode ser conto do vigário...

Um comentário:

Mayumi disse...

É... para se interpretar um dado estatístico, precisamos ter muito conhecimento sobre os assuntos tratados. Realmente, isto é muito interessante!

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