Dados os recentes protestos da galera no Brasil contra o governo, o Ipea publicou este artigo que tem como fonte uma pesquisa publicada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos, que tem em sua página uma "versão mais completa" dos resultados da pesquisa. É uma pesquisa sobre que áreas o Brasileiro considera importante. Aliás, nessa versão mais completa tem um gráfico de barras horrível.
Eu geralmente gosto de olhar a metodologia das pesquisas para tentar ter uma idéia do quanto os resultados são válidos do ponto de vista de ser uma amostra da população.
Mas não achei metodologia nenhuma. A única coisa que achei foi um link dizendo que a pesquisa foi feita nos moldes de uma pesquisa feita pelas Nações Unidas. Basicamente, a meu ver, a pesquisa não tem metodologia e nãol emprega nenhum esforço para garantir qualidade da amostra e dos resultados. É melhor então dizer que a pesquisa é igual uma feita pela ONU. Interessante, não, você tem duas opções: (1) coloca a metodologia com suas virtudes e problemas em algum lugar de fácil acesso ou (2) fala que copiou a metodologia da ONU. Note que a opção (1) é em geral negativa pois ao que parece a pesquisa foi feita pela internet e é aberta a todo tipo de falta de controle e viés. Mas a opção (2) resolve o problema maravilhosamente, citar a ONU passa a ser positivo, imagina a ONU, então tem boa qualidade! Mandou a sujeira para debaixo do tapete e de quebra ainda fica bem na fita se ligando à reputada ONU.
Eu acho que a informação viesada tem sido muito problemática no mundo atual, em termos de enganar, de controlar, manipular, desinformar e tudo mais. Uma organização como o Ipea devia dar o exemplo. Eu não acho que a pesquisa seja ruim, inútil, que tenha que ser descartada, mas eu acho que devia haver mais clareza quanto a metodologia e suas possíveis consequências. Quando um artigo desses é colocado na internet, todo mundo tem acesso mas apenas uma minoria entende a parte mais técnica e vai atrás de entender metodologia e tal. A maioria provavelmente toma o resultado por verdadeiro, ainda mais tendo o logo do Ipea por trás.
A pesquisa parece ter sido feita pela internet. Só de saber isso, eu ficaria com o pé atrás pois me parece que muitos desses resultados podem ser razoavelmente afetados por isso. Existe uma população no Brasil que não tem acesso a internet e uma outra que mesmo que tenha, não responderia uma pesquisa dessas, talvez por não se sentirem confortáveis, por não frequentarem a página onde a pesquisa foi publicada, por naõ gostarem de pesquisa, sabe-se lá mais o que. A questão quanto são esses indivíduos e como eles responderiam essa questão. Será que eles também acham educação prioridade? Será que eles também colocariam acesso a internet lá embiaxo na lista?
Enfim, ao inves de pensar no leitor e passar informação correta e educar, a preocupação é com conquistar leitores e Facebooks likes e retweets.
terça-feira, 23 de julho de 2013
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