sábado, 10 de abril de 2010

A Não resposta para renda

Para nós que trabalhamos com pesquisa o fato de que as pessoas muits vezes não declaram a sua renda tem sempre sidoum problema. A renda seria um indicador muito bom para ver se sua amostra está ok, através da comparação das distribuições da renda na sua amostra e nos dados oficiais. Mas geralmente muitas pessoas não declaram a renda tornado a comparação impossível, pelo menos se pensarmos em uma comparação que tenha certa precisão. Num país como o Brasil a renda tem influência em quase tudo que vamos pesquisar e por isso é importante ter certeza que temos em na amostra corretas proporções de pessoas com renda maiores e menores. Aqui no Canadá eu não tenho trabalhado muito com amostra e ponderação de pesquisas, mas é mais ou menos claro que renda não é tão importante quanto no Brasil. No Brasil o fato de pessoas não declararem a renda e de pessoas com renda mais elevada serem difíceis de entrevistar fazia com que a gente tivesse que achar alternativas, e uma informação que era bastante relacionada com a renda era educação. Mas eu lembro de um estudo onde a opinião de eleitores variava com a educação, ao segurar a renda constante , mas não variava com a renda quando segurava a educação constante, ou seja, educação é relacionada com renda, mas não é a mesma coisa, ou seja, é complicado...

Mas esse texto é para comentar rapidamente sobre este artigo que saiu no Journal of Official Statistics, sobre o estudo da variação na não resposta para renda ao longo de 20 anos. Achei que o padrão que vemos na Figura 1 e 2 deste artigo são bem interessantes. Na figura 1 há um pico de recusa na declaração da renda na pesquisa em questão por volta do ano 2000 e uma queda brusca a partir de então. A primeira coisa que vem à cabeça é que houve alguma mudança na pesquisa que levou a esse declinio na não resposta para a renda, como por exemplo, o pessoal viu que a taxa de não resposta estava muito alta em 2000 e resolveu fazer algo para melhorar ela, como por exemplo, maior insistência por parte do entrevistador. Mas segundo o artigo isso não aconteceu e o que os autores pensam (e fazem algumas analises para suportar sua teoria) é que houve uma maior colaboração expontânea por parte dos entrevistados. Isso learia não éa tendência do gráfico 1, mas também no gráfico 2, onde vemos que a melhorar que a segunda questão sobre renda trás para a não resposta diminui. Seria porque as pessoas estão colaborando mais na primeira questão da renda.

O artigo também é interessante pelas referências que faz a outros artigos que estudaram essa questão da não resposta para a renda. Um problema do artigo seria que a conclusão não é necessariamente válida para qualquer tipo de pesquisa, dado que foi derivada de uma pesquisa particular. No entanto eu acho que se os autores estão corretos e a população está mais aberta em falar sua renda, então talvez faça sentido pensar que isso deveria acontecer com todo tipo de pesquisa que tem a mesma população alvo, ainda que com outras metodologias.

Enfim, achei que é um estudo interessante...

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