Neste final de samana passado o super-impressionante Kelvin Kiptum do Kenia quebrou o recorde mundial da maratona, com 2:00:35, na Maratona de Chicago, aqui pertinho. Para ter uma idéia, o sujeito virava os 5km na casa dos 14 minutos baixo, enquanto que eu não consigo nem fazer 20 minutos. Na verdade tal ritmo é muito rápido até para corredores de elite de 10km, eu diria, pelo menos a gente não vê tanta gente assim rodando os 10km para baixo dos 30 minutos. O gráfico abaixo (que peguei da Wikipedia) mostra a progressão dos recordes, e a gente vê que houveram vários recordes depois do ano 2000, o que diz que talvez o recorde não seja tão surpreendente.
Mas duas semanas antes o recorde feminino também foi quebrado em Berlin, pela Tigst Assefa, com 2:11:53. Até o elite masculino tem dificuldade de correr nesse ritmo. Abaixo o gráfico da progressão dos recordes femininos. Nesse caso o recorde não baixava por um bom tempo e podemos dizer que foi mais inexperado, surpreendente do que no masculino, a julgar por essa progressão.
Isso tudo posto, eu tenho notado muito comentário sobre o tênis usado por esses atletas, o que me leva a concluir que muito do que levou a quebra dos recordes foi a nova tecnologia dos tênis. Na verdade, estão chamando esses tênis de "super-tênis", e parece inclusive que não só o preço deles é muito alto (tipo acima dos R$3000), mas também que o número deles colocado à venda tem sido limitado. O que me pareceu é que agora temos dois grupos de tênis: os de alta tecnologia e os comuns.
Mas então a questão que vem, mas que ninguém pergunta, é se isto é justo, ou seria tipo dopping. A hesitação em perguntar provavelmente vem de não querermos diminuir o feito destes atletas, que com ou sem tênis tecnologico é espetacular. Mas, sob a hipótese de que isso seria injusto, estamos diminuindo o feito dos atletas anteriores que quebraram recordes sem estas vantagens.
É complicado, e eu tendo a pensar que é justo usar um tênis com maior tecnologia simplesmente porque as coisas mudam, e não é só o tênis, é o treinamento, alimentação, apoio, sei lá o que mais... Só que no caso do tênis, considerando o momento atual, a gente fica pensando se o cêu é o limite. Tipo, logo vão inventar um tênis com tal propulsão que a galera tá terminando em 1h10, e atletas amadores como eu tá rodando para 2h30. Enfim, podemos até não achar injusto, mas chega uma hora que não estamos falando de feitos do ser humando, mas da technologia, e aí perde a graça.
Fica aí pra pensar.
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