segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Meia de Toronto

 E eis que hoje foi o dia. Como eu disse ontem, foi mas não foi. Era o final de 18 semanas de treino, que culminava com a corrida de hoje, mas o humor não estava "Isso aí, muito treino, agora vamos pra galera!". A meia de Montreal jogou um pouco de areia no feinão da meia de Toronto. Por um lado, eu estava feliz com a performance em Montreal e ligando menos para a performance em Toronto, e por outro lado eu já tinha corrido uma meia e o treino parecia menos sério, tinha menos incentivo para treinar. 

Então foi assim que acordei, depois de nem ter dormindo tão bem, pensando em tentar ser rápido mas sem cobranças ou ansiedade. A largada seria às 8:45 para o pelotão A, e eu como estava no B seria um pouco depois, 5 minutos depois. Mas eu não tinha certeza disso, eu pensei que talvez a gente largasse primeiro, mais ou menos como foi no zoológico. Saímos de casa de bicicleta já era passados das 8, e tava uns 8 graus de temperatura. Eu estava pronto, com o número no peito, o gel no bolso. O céu estava aberto, com sol já. Estacionamos a bicicleta na estação da galeria de arte de Toronto, dado que tinha lugares ali, e andamos para o sul em direção à esquina da Queen com a University, área que conheço muito bem.

Chegando lá nos vimos imediatamente no meio de uma multidão enorme de corredores e não corredores. Pareceu muito mias do que em Montreal. Rumamos em direção ao Curral B, de onde largaria. Assim com em Montreal, me surpreendi como tinha espaço. Comecei andar para frente, en direção à larghada, e sem perceber entrein o Curral A, que era o mais rápido, onde também estava a elite, pelo que entendi. Fiquei ali na beirada conversando com a Lika para o tempo passar um pouco. A galera chegava ali para deixar a blusa. Eles simplesmente jogavam as blusas do lado de fora, ou deixava em cima da cerca. Mas eu correria de blusa. Por baixo, a blusa que ganhei na corrida dos Bombeiros em 2005 e por cima uma blusa leve que comprei aqui no Canadá. Acabou sendo um pouco mais do que eu precisava, mas não muito. 

A largada foi dada, rumando Norte na University, o que significa um pouco de subida. Fiquei impressionado um pouco pela ausência de tumulto, a galera corria tranquilamente, e diferent da corrida do Zoológico e mesmo Montreal, pouca gente me assava. Eu me sentia bem em geral, mas também com um pouco de cansaço na perna, bem mas não 100%. Sabia que o ritmo estava bom e sabia onde era o km 1, fiquei esperando o relógio apitar para ver o ritmo, mas tabém prestando atenção na galera e onde estávamos. Parece que quando a gente conhece o lugar a gente presta mais atenção, não menos. 

Mas não notei o apito para o km 1, e olhando o relógio notei que estava marcando 19,71, o que me desnorteou um pouco. Eu começei pensar o que seria aquele número. Nos treinos, eu estava acostumado ver o ritmo alí. Outras coisas são mostradas em números menores e eu nem tentava ver porque não dava. Pensei até que estivesse apertado algo errado, tipo atividade de andar ou bicicleta ao invés de corrida. Pensei que agora era tarde demais para fazer algo, e que eu deveria continuar correndo. Por volta do km 3 olhei denovo, e o valor tinha caido para 17 e alguma coisa. Então imediatamente me toquei que aquilo era a distância que faltava. Não fiquei muito feliz pois não estava muito acostumado correr com o relógio em contagem regressiva, mas okay. Também me toquei que ele devia estar apitando a cada km e mostrando o ritmo de cada km. 

Só que até então eu não tinha ouvido nada, provavelmente porque tinha muita gente fazendo barulho em todo lugar. Mas tudo bem, eu rodava sem prestar muito atenção no ritmo, e achava legal passar pela Bloor, depois virar na Bathurst, e descer, cruzar a College, a Dundas, a Queen... lugares que eu conhecia bem.

Chegando no Km 6 eu comecei a pensar que deveria tomar o gel, o plano era um no km 7 e outro no 14 mais ou tmenos. Só que não estava com vontade. Mesmo assim, quando chegamos no 7, já chegando no lago, eu rasguei o sachê e segurei na mão, mandando pra baixo bem devagar para não engasgar. E quando veio o posto de água, peguei um pouco de água pela primeira vez, foi tudo tranquilo, sem incidentes.

No km 8 pela primeira vez ouvi o apito do km no relógio, mas não vi a placa do km. Olhei no relógio e vi que estava marcando 4 e alguma coisa, fiquei feliz de confirmar que o ritmo estava abaixo dos 5min/km, mas não vi exatamente quanto. Depois olhando as parciais vejo que corri muito bem até o km 8, depois diminui um pouco, senti um pouco. Não necessariamente muito cansado, mas por vezes tentava ir mais rápido, mas notava que não tinha pernas, sei lá. 

Logo ali depois do 8 a elite passou do outro lado. E mais um pouco, veio uma subida inesperada. Não era muito subida, mas eu senti um pouco, não lembrava da subida. Esse foi o km 10, que virei para 5/km, a minha pior parcial. Mas aí veio a descida, dado que tudo que sobe desce, e eu retomei o ritmo anteior, sempre sem olhar no relógio, pois não escutava ele apitar, e também não via placas de km. 

No km 12 eles estavam dando gel, e eu peguei um, depois peguei um pouco de água também. Demos meia volta no 12.5 e voltamos pro Leste. Agora era voltar para o centro e terminar a corrida. Rodava bem, conseguia manter o ritmo e tive uma surpresa agradável quando passei pelo 15km, que reconheci pois tinha os esquemas no chão para pegar o tempo parcial no chip. Me pareceu que eu tinha chegado no 15 muito rápido. Logo depois tomei outrol gel, mais para seguir o plano do que qualquer coisa, dado que não estava com muita vontade. Acho que também tinha um certo medo de quebrar, eu não queria tomar o gel quando fosse tarde demais. Foi tranquilo, não tive problemas com o gel. É difícil saber se o meu desempenho foi ajudado pelo gel, mas acho que foi. 

Eu prestava muito atenção na galera do outro lado, que estava ainda por volta do km 8, era muita gente! E corri ali, do lado esquerdo da pista, perto da galera que ia pro outro lado. Era uma grande festa realmente. Foi quando me lembrei da guerra que tinha começado em Israel e tanto sofrimento lá, enquanto que aqui estávamos todos nos divertindo. E é bom notar que tem sido realmente muito triste o que acontece lá, com muita gente inocente sendo vitimizada. Muita gente naquele exato momento estava fugindo, abandonando suas casas, tentando sobreviver. A alegria da corrida pareceu imoral. 

Eu não mudei muito o ritmo, mas o km 20 foi quase inteiro embaixo da Gardner, e o Garmin se peerdeu do satélite. O trajeto do Garmin ficou zoado e o vai e volta fez ele pensar que corri uma distância maior do que corri, e o km 20 for rápido, a 4:41. Isso foi descontado no 21, que virou acima dos 6 min/km, o que certamente está incorreto dado que não mudei muito o ritmo. O km 21 foi praticamente todo subida também, e é possível que rodei ele um pouco mais lento, mas não muito, pois eu tentei segurar o ritmo dado que estava acabando, foi o km mais difícil. 

Terminei com 1:41:59, mas apenas notei o tempo real quando cheguei em casa. No relógio aparecia 1:42 (ele não mostrava os segundos, e eu sabia que não seria muito preciso), então eu sabia que tinha ido bem, mas não sabia o tempo exato. Só quando cheguei em casa que consultei o tempo do chip e fique bastante feliz, afinal tinha melhorado o tempo de Montreal em 30 segundos mais ou menos! Estava mais ou menos inteiro, apenas com um pouco de assadura...

Senti essa corrida de uma forma interessante. Apesar de ter rodado forte e terminado cansado e sentir que não poderia rodar muito mais forte, a impressão que tinha é que o ritmo era relativamente baixo, que eu deveria ser capaz de melhorar. Não sei explicar muito bem, mas é como se  por um lado o ritmo parecesse lento, de pouco esforço, muito embora não tenha sido.

Depois da chegada peguei água e gatorade, mas não vi nada de comer, não consegui encontrar a Lika e fui para o nosso planejado ponto de encontro no metrô, um pouco com frio, embrulado no plástico dado pela organização. Depois de esperar um pouco lá comecei a sentir mais frio, pois a minha roupa estava muito molhada e a temperatura nos 10 graus mais ou menos. Mas a Lika chegou e pegamos o metrô para casa. Ela disse que tava cheio de comida, banana, barrinha, biscoitos....

Enfim, foi isso. Agora sensação de missão cumprida. O treino terminou, estou livre para correr como quiser! Mas tudo que espero é não perder muito a forma, já que logo vamos para o Brasil...

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