O dia prometia chuva e eu estava deixando a volta ao bairro para amanhã, mas a chuva não veio e o bairro Newtonbrook East foi contornado. Localizado no extremo norte de Toronto, é o último bairro do lado Leste da Yonge. Indo mais ao Norte a Yonge continua mas Toronto acaba. Ao Norte de Toronto, a avenida Yonge separa as cidades de Markhan no Leste da cidade de Vaughan no lado Oeste da Yonge. Assim o bairo faz fronteira ao Norte com a cidade de Markhan. O único ponto mais relacionado com as nossas vidas no bairro é a estação Finch to metrô, que apesar de pouco irmos lá é uma estação conhecida por ser o final da linha. Dali para o Norte tem que se pegar ônibus, e hoje de manhã eu vi muitos ônibus indo para o Norte enquanto eu corria para o Sul. Muitos desses ônibus servem Toronto dado que tem ainda um tanto de Toronto ao Norte da estação Finch, mas outros vão para outros municípios. Enquanto corria eu pensava que estava longe de casa e do centro, mas ali a vida continuava, muita gente ia para lá e para cá, ônibus que eu nunca peguei estavam logados, pontos de ônibus que nunca passei perto estava com gente, e carros enchiam avenidas largas nas quais eu nunca pensava. É interessante pensar que estou em um lugar novo mas para muitos é o roteiro deles de todo dia.
A semana tinha sido bom, com o longo de sábado passado curto, eu tinha pensado em contornar outro bairro no Domingo e saí para o desafio. Mas desafio abortado, por volta do Km 3, rumando para o novo bairro, eu decidi que as pernas estavam cansadas e era melhor pegar leve. Voltei para casa e acabei correndo só 6 kn, e fiquei feliz que esta foi a minha decisão. Eu acho que um erro frequente é que quando me sinto bem acabo exagerando, aí vem dor nas costas, cansaço, rendimento baixo... Na segunda só andei, e mandei 5km na Terça, 8 na Quarta e apenas 2 na quinta. Ontem eu saí para andar apenas, foi um dia de descanso. Planejei o bairro de hoje com um pouco de ansiedade, queria rodar bastante dado que Sábado passado fiz só um meio longo, e me sentia relativamente bem.
Comecei sentir uma dor estranha no pé direito, que não tem motivo de ser pois não aconteceu nada com o pé. Trabalhei com a hipótese que era o tênis que estava bem velho já, com 2600 km e mais de 2 anos, mas ele ainda parece inteiro. Mas não sei o que era, e a dor parece ter diminuido e de qualquer forma não estava atrapalhando a corrida, me fazendo pensar que não é relacionada a corrida.
Na Sexta a noite mandei um ramen japonês que estava super apimentado, e não sei se foi a pimenta ou outra coisa, sei que não passei muito bem e tinha um pouco de dor de barriga no Sábado de manhã. Só que fui no banheiro e tal e me senti bem. O tempo estava chuvoso e eu tinha planejado que se chovesse ia deixar a volta ao bairo para o Domingo. Mas olhava pela janela, o tempo passava e nada de chuva. Saí e estava tranquilo, volta ao bairro aqui vamos nós.
Eu tinha pensado em vários bairros de forma que eu mesmo estava ficando confuso com qual afinal eu ia contornar. Mas quando saí já tinha decidido que iria para o Norte, em direção ao Newtonbrook Este, sem ter deicido especificamente o bairro. Não me sentia assim 100% e tinha 4 opçoes de bairros, e eu sabia bem mais ou menos quantos km cada opção tinha. E eu não precisava decidir até o km 11 e pouco quando teria contornado metade de um deles, um bairro minúsculo, boa opção para dias que eu estivesse cansado. Esses bairros também tem a vantagem de serem "normais", isto é, não tem fronteira em rios ou estrada de ferros que me faz pegar trilhas, alguns deles tendo que fazer com o dia claro. Nesse caso não, dava para fazer a noite mesmo.
Saí pouco depois das 5:30 caminhando para o Norte, na minha usual caminhada de aquecimento. Me sentia bem, o estômago estava bom, tinha comido uma banada. A temperatura de 15 graus estava muito agradável, eu caminhava com a camiseta de manga comprida da corrida Longboat na Ilha, do ano passado, eu acho. Quando deu 1km de caminhada eu comecei no trotinho, me sentindo um pouco travado, mas não realmente cansado. Podia dizer que não era um dia dos bons, mas dava para ir e eu esperava que com uns 3 km eu me sentiria melhor.
Correndo para o Norte na Oriole Parkway, eu não consegui passar o semáforo da Chaplin Crescent e entrei nela para a Direita, indo para o Leste e pensando mal dos carros que à esta hora da manhã estavam me impedindo de passar no semáforo. Não corri muito para o Leste e peguei a seunda à esquerda, corria na Colin rumo ao Norte novamente. Nela fechei o km 1 para 5:40, um ritmo meio lento eu achei, mas não era anormal, e se ficasse nele tava bom. Da Colin, entrei na Eglinton à direita dado que não consegui atravessar e continuar para o Norte. Da Eglinton entrei na Henning para o Norte denovo, mas era um beco sem saída e tive que voltar. Entrei na próxima, a Duplex, uma velha conhecida paralela à Yonge que uso sempre que posso pois não gosto de correr na Yonge. Logo fechei o km 2 para 5:37, me sentindo bem, mas não ótimo, estava ainda meio travado, cansado, devagar, estava bom mas poderia estar melhor, e acho que assim foi até o fim. A Duplex é longa, gostosa para correr de manhã cedo pois não tem carrro, o asfalto é bom e vc corre no meio da rua. Nela fechei o km 3 para 5:18, e o 4 para 5:30, esse enquanto atravessava a Lawrence, onde tive que fazer um meio vai e volta dado que o farol não estava aberto para mim e vinham vários carros. Depois completei o km 5 para 5:27 quando entrei na Deloraine à direita, indo para o Leste, em direção à Yonge. Eu tinha pensado que depois da Lawrence devia tentar sair da Duplex antes de chegar no fim dela para correr um pouco pela Yonge e quem sabe conseguir atravessar a Yonge antes da descida para a York Mills. Então decidi que quando desse o km 5 eu iria para a Yonge, e o km 5 veio exatamente na hora certa, pois se ficasse mais na Duplex já chegaria no final dela e forçado a ir para a Yonge não conseguiria atravessá-la, pois não tem mais semáforo. Só que saindo onde saí, pertinho do último semáforo, ainda tive a chance de atravessar a Yonge o que acabei fazendo porque não vinha carro e não pelo semáforo ter me ajudado. Daí veio a descida da Yonge e completei o km 6 lá embaixo para 5:24.
A descida da Yonge rumo à York Mills é longa e íngreme, e dá para se desenvolver um ritmo bom ali por causa disso. Só que não pude deixar de notar que o meu ritmo não estava melhorando muito principalmente porque não sentia segurança em ir mais rápido. O chão molhado, com sombras de árvores se alternando com luz artificial, irregularidades, eu não sentia que minha visão não era mais boa o suficiente que eu me sentisse confiante para aumentar o ritmo. É um pouco triste porque eu lembrava de outros tempos quando eu descia a malha ali. E outros tempos ainda em que eu não tinha problema nenhum correndo à noite, muito pelo contrário. E não foi só a descida, eu também pensei nas dificultades de simplesmente passar uma rua, quando praticamente não consigo mias ver os semáforos e fico observando o movimento dos carros. Talvez eu precise acabar todos os bairros logo, talvez o dia chegará em que não me snetirei a vontade correndo em lugares que eu não conheço, o que já é um pouco verdade, não o suficiente para que eu não corra. Me aproximando da York Mills eu pensei que deveria tentar focar no cruzamento lá na frente, pois quando presto atenção com antecedência eu muitas vezes consigo chegar lá e passar mais fácil, entender melhor em que pointo do ciclo os semáforos estão. Mas também pensei como era difícil prestar atenção lá na frente quando muito da minha atenção tinha que focar em cada passo, nas coisas ao meu redor e irregularidades da calçada. Uma pessoa com vista boa não gasta neurônios com essas coisas, é tudo automático, um boruaco aqui, outro ali, desvia, nem pensa.
Acabei conseguindo passar a York Mills junto com os carros, sem parar, e do outro lado continuei na Yonge, agora numa subida. O cruzamento da York Mills com a Yonge fica num vale, com subida para todos os lado. Enfim, mesmo com subidas, fechei o km 7 para 5:32, o ritmo praticamente o mesmo. Logo tenho que passar sob a rodovia 401 e ao invés de seguir pela Yonge eu tenho optado a seguir pela calçada trilha, que faz meio uma volta, mas é bem mais segura dado que não se tem que atravessar ruas. Para pegar a trilha tem uns vai e volta onde perdi tempo, mas depois corri livre leve e solto para fechar o km 8 do outro lado da 401, já chegando na Yonge novamente, para 5:39. O ritmo menor se devia ao vai e volta e um pouco de subida depois de completar o km 7, tudo normal. Logo chego na Sheppard, onde tenho que esperar o semáforo para passar, e logo depois que passo completo o km 9 para 5:40, já correndo na Sheppard, indo para o Leste. Isso por pouco tempo, pego a Doris à esquerda, indo para o Norte novamente. Na Doris corro na calçada muitas vezes escura, mas sem movimento, eu me sento bem e corro forte, completando o km 10 para 5:10, o meu melhor km que também me deu incentivo para não fazer o bairro mias pequeno, escolher outro. E nesse momento eu praticamente já tinha escolhido o Newtonbrook East, o terceiro bairro em termos de distância, dos quatro que eu podia escolher. Eu calculei mentalmente a distância, com 19 km para o Newtonbrook e 21 para o bairro mais longe, e eu decidi que 21km seria um pouco demais, eu não estava me sentindo assim tão bem, e melhor ir com calma. Mas estava bom, eu tinha decidido que não precisava dos outros dois bairros mais curtos. Da Doris entro à direita na Churchill indo para o Leste, e logo depois à esquerda novamente na Kenneth, indo para o Norte denovo. Agora corria no meio da rua, ritmo gostoso, sem carros, quando fechei o km 11 para 5:26.
Logo estava na Finch, the peguei à direita, rumando para o Leste, e logo atravessei a Finch para correr no seu lado Norte. Na Finch completei o km 12 para 5:21 e o 12 para 5:08. O ritmo estava óritmo mas eu sentia cansaço, não era tá agradável pensar que ainda tinha bastante chão. O bairro é bem quadrado, com 2km em cada lado, o que me permite medir no relógio com boa precisão onde tenho que virar. Assim que chego na Bayview, com 13.2 km, entro nela à direita indo para o Norte, e sei que a Steeles está no km 15.2. Isso é importante se você não consegue ler o nome das ruas nas placas. E na verdade eu achei que tinha demorado muito para chegar na Bayview, que talvez aquela não fosse a Bayview, e então confirmei que era com uma moça no pointo de ônibus da Bayview. Mais tanquilo segui na Bayview para o Norte pegando um pouco de subida e fechando o km 14 para 5:32.Mas então o percurso aplainou e veio descida, e eu fechei o km 15, já chegando na Steeles, para 5:05, o meu melhor km até então.
Entrei na Steeles à esquerda, depois de atravessar ela pois havia construção na Steeles com a Bayview e não tinha como correr na calçada Sul da Steeles. Correndo na calçada Norte, voltando para o Leste, no estremo Norte de Toronto (na verdade a calçada Norte é Markhan, não é Toronto!). Logo atravesso para a calçada Sul, mas não sem antes notar que a subida parece ficar mais íngreme e não acaba. O ritmo caiu, eu me sentia cansado, não o suficiente para cair muito o ritmo mas por causa da subida o ritmo caiu. Completo o km 16 na subida, para 5:38, e a subida continua, fica mais íngreme. Deois acaba e fica plano, mas não recupero o ritmo, e chegando de volta na Yonge completo o km 17 para 5:41.O dia já está mais ou menos claro e eu sinto que tenho que colocar os óculos escurtos, e pelos próximos 200m eu troco de óculos, correndo na Yonge para o Sul. Até que enfim como para o Sul! Cansado, completo o km 18 para 5:27 em calçadas mais irregulares da zona comercial da Yonge. Ali tenho mais dificuldade para correr por causa disso. Cançada fica larga e estreita, tem hidrante e canteiro e poste de bicicleta, tem piso de 20 jeitos diferentes, tem grade de ferro e postes e gente, e correr não é tão agradável. Fecho o km 19 para 5:31 antes de chegar de volta na Finch. E chegando nela, entro à esquerda, indo para o Leste para fechar o bairro, pois comecei o bairro na Kenneth com a Finch, não na Yonge com a Finch. E o pior, não sabia onde era a Kenneth. Mas sabia que se completasse 20km com certeza teria passado da Kenneth, com certeza teria fechado o bairro. E fechei o km 20 na Finch, indo para o Leste, para 5:28.
Me sentia cansado, e com um pouco de dores nas costas e no quadril, pensava que talvez devesse ter corrido menos. Agora, ainda antes do almoço, estou mais descansado mas ainda com mais dores do que gostaria. Vou ver se descanço amanhã e depois, também dado que na Segunda é Thanksgiving (Ação de Graças). Dias de descansar.
Coloquei o Garmin no mode de caminhada e caminhei 1km até chegar no metrô, sentindo coisas estranhas na barriga e com medo que precisaria de um banheiro. Caminhei rápido e chegui no metrô pensando que não devia ter corrido, que nao daria tempo de chegar em casa... mas logo que cheguei no metrô me senti bem, barriga normal, não precdisava de banheiro... e acabei de chegar em casa. Feliz pelos 20km, mas não me sentindo tão bem quanto gostaria, um pouco mais de dores do que gostaria, espero que passe e eu consiga partir para um bairro novo no final de semana que vem.
O nome Newtonbrook vem da igreja metodista de mesmo nome que havia ali no meio do século 19. Dis-se que havia um pequeno centro comercial e tal usado pelos primeiros colonizadores da área, e a igreja era importante. A igreja foi nomeada em homenagem ao Reverendo Robert Newton, um pastor muito importante da igreja na Inglaterra. A palavra brook significa córrego, e o córrego que tinha ali e o qual pouco se consegue ver hoje em dia era então chamado Newtonbrook, também em homenagem ao sujeito e a igreja, imagino eu. Hoje em dia tem uma placa histórica na Yonge street, mas pouco resta daquela época.
A avenida Steeles parece ter recebido o nome de um dono de um hotel na intersecção com a Yonge, o Thomas Steele, que nasceu no início do século 19. Não tem muito mais informação sobre o sujeito e na verdade mesmo essa é meio incerta. Interessante que a avenida Finch também tem o nome derivado de um dono de hotel (John Finch) na intersecção da Yonge com a Finch, em meados do século 19, e pouco se parece saber sobre o John Finch.