sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Momentos 2

O garoto de novo. Raios. Ele fala inglês melhor que eu. E eu não entendo o inglês dele, tem o barulho do ônibus, tem a distância. Ele deve estar dizendo à respeitável senhora algo sobre mim. Deve estar me achando funny. Tiro os óculos escuros, afinal já tá quase de noite. Me ajeito no banco do ônibus, tento encostar um pouco mais na parede porque ali está quentinho. No começo o frio era bom, mas com o tempo a gente passa a procurar os cantos aquecidos do ônibus e se enconlher dentro da blusa. O garoto ainda conversa, não é sobre mim, nem estou mais prestando atenção nele. Puxo minha bolsa mais para cima das pernas, ela parece querer cair no chão. A voz da gravação anuncia o ponto da Hart Avenue. O que será Hart? Parece coração, mas o "a" é aberto, deve ser o neme de algum fulano. E eu estou denovo pensando nessa língua sem graça. Eu ainda tenho a sensação de que quando as pessoas fala é comos e eles estivessem jogando um jogo, é como se elas estivessem brincando com novas palavras, é como se elas estivessem presas nessas palavras diferentes que eu comecei a aprender a tanto tempo. E então as coisas chegam a ser engraçadas porque parece que eles estão presos em algo que para mim é alternativo. Haha, eles não sabem falar portugues. E então é hora de parar de pensar nisso, o sujeito que estava sentado do meu lado se levanta, o onibus está parado no semáforo um pouco a frente da linha do trem. O ponto que ele vai descer é o mesmo que eu e que vários outros também descerão. Seguro firme a alca da minha bolsa, me levanto devagar e arrumo meu lugar no corredor, o garoto segue com seu gorro de três pontas para descer em algum ponto mais a frente...

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