terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Moradores de rua

Sentado no banco do ônibus eu vou lendo o artigo da revista Canadense Survey Methodology, sobre uma amostra de moradores de rua feita na França. A Survey Methodology, assim como o Journal of Official Statistics, são publicações científicas muito interessantes pois tem como alvo a estatística praticada pelos institutos de pesquisa, como o IBGE. A Survey Methodology é publicada pelo Statistics Canada, o IBGE aqui do Canada, e o Journal of Official Statistics pelo Statistics Sweden, o IBGE da suécia. Ambas tem uma base teorica respeitável de estatística, mas são sempre voltadas a aplicações práticas, ao contrário de 99% do resto das revistas científicas de estatística. E melhor, ambas são abertas para qualquer um ler, basta ir no site e baixar o PDF.

Eu me interessei pelo artigo e imprimi ele porque no ano passado eu havia me envolvido com uma amsotra de moradores de rua para a cidade de São Paulo. É uma população mal definida, difícil de representar, sem cadastro, sem informação alguma. Na verdade acho que em São Paulo estamos melhor que na França (muita coisa por incrível que pareça no Brasil é melhor do que em países de primeiro mundo). Os moradores de rua de São Paulo são praticamente todos cadastrados por um serviço da prefeitura que faz um trabalho contínuo tirando tirar eles da rua. E o pessoal que faz esse trabalho tinha sido muito útil na minha amostra de moradores de rua. Eu cheguei ao detalhe de plotar os moradores de rua no mapa de São Paulo, de acordo com a última localização deles. Com isso eu pude calcular uma densidade de moradores de rua por setor censitário e fazer uma amostra com seleção mais ou menos proporcional, para todos terem probabilidade de entrar na amotra.

Na França foi mais difícil, eles queriam representar o pais todo, então teve uma primeira etapa de seleção de cidades. Nesse caso realmente fica mais complicado pegar o morador de rua na rua, porque você nunca sabe onde eles estão. Escolheram fazer a pesquisa em abrigos e albergues e oturos lugares que fornecem serviços, como alimentação e banho para essa população. No meu caso havia também uma amostra de albergues, porque muitos sem teto em São Paulo não ficam nas ruas, eles ficam o dia todo em albergues da prefeitura.

No final das contas parece que a amostra da França foi feita, e os resultados devem estar em algum canto. A minha não saiu do papel, depois de tudo já sorteado e só faltando a galera ir para campo. Faltou grana, o sujeito dependia de verba pública para pagar a pesquisa, e tá dependendo até hoje.

Eu não conheço o trabalho que eles fazem com os moradores de rua em Toronto, mas com certeza fazem algo. Interessante que todo lugar tem moradores de rua, independente do nível econômico. Muitos deles tem problemas mentais em algum grau, eu gostaria de saber se os que estão nas ruas de SP tem mais do que os daqui.

Aquele foi um dos estudos mais interessantes nos quais eu me envolvi, mas houve vários outros. Estes e outros estudos fazem o trabalho ser muito legal...

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá, tomara que vc ainda veja os comentários...
Gostaria de trocar idéias sobre a populaçào em situação de rua.

Veja o site de um evento nacional:
http://www.senaposirua.ufscar.br/
Atenciosamente,

Karina

Marcos Sanches disse...

Oi Karina!

Sim, podemos trocar idéias! Mas você não deixou o contato! Eu sou um estatístico e me interesso por esses trabalhos voltados para o lado social, mas não sou um expert em moradores de rua. Enfim, fica a deixa, se quiser me escrever o email é msanches35@gmail.com.

Eu visitei o site da Ufscar, vou voltar lá quando tiver um pouco mais de tempo, o seminário parece bem interessante!


Obrigado pela visita!

Marcos

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