terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Momentos
Termino de descer a escada correndo porque o trem já está saindo. Outros me acompanham em direção à porta mais próxima. Sinal de que a porta vai se fechar eu só espero para me apoiar nela. Dali até a estação onde eu descerei, ela não abrirá mais. E se não posso sentar porque os bancos estão todos cheios, pelo menos consegui um lugar sossegado ali na beira da porta. Sim, tenho que dizer que consegui porque a porta também é um pouco disputada, é o único lugar onde você pelo menos pode ficar encostado. Outro sujeito de casaco azul divide a porta comigo neste final de dia frio. Os meus pés estão úmidos por dentro. Eu tenho usado tenis para andar na rua e há lugares que o tênis molha porque a neve derretida forma uma lagoa cercada na beira da sarjeta pela neve não derretida. Mas eu não me incomodo, antes de chegar na estação Shelbourne eu coloco minha bolsa entre as pernas, no chão, depois de tirar o livro do Agresti de dentro. Abro na página 260, já é a quarta vez que tento ler o livro, nunca cheguei tão longe. Ali, encostado na porta do trem e cansado do dia de trabalho eu começo ler meu livro. Entre um parágrafo e outro eu olho ao redor. A chinesa de cabelos longos ouve walkman, ela tem um negócio na canela para proteger do frio que não sei bem o que é. E no mesmo banco que ela vai uma garota morena, com cara de feliz, talvez cara de brasileira também. E na minha frente um senhor mais de idade segura seu copo de café. É só um momento de distração e eu sigo lendo. Percebo que já estamos na estação Pape, o trem mais vazio, já passamos a Broadview e eu nem vi a ponte. O trem passa sobre uma ponte bem alta, dá para ver bem longe. Depois entra novamente no túnel. Modelos loglineares para dados ordinais, esse é o nome do capítulo que estou começando. Lembro que raramente levo em conta o fato de que os dados são ordinais nas análises. A gente acaba sendo vencido pela pressa, pela vontade de fazer outras coisas e as vezes temos que confessar que fazemos as coisas do jeito mais fácil. Eu mal consigo ler, já estamos perto na Estação Main Street e eu quase durmo em pé em cima do livro. Tento mais um pocuo, mas não dá, eu preciso parar de ler. Guardo o livro, e agora chegamos na estação Vitória Park, eu desço na próxima e até lá o caminho é fora dos túneis. Eu encosto o nariz na porta e olho o chão branco lá fora. Apenas os dois trilhos do trem, não se vê mais nada, tudo branco. A neve tomou conta de tudo. Já está escuro e eu vejo o reflexo no vidro das pessoas dentro do trem. Esperando suas estações, indo para suas casas, mais um dia terminado. O trem para e eu desço,sigo calmo, o chão brilhando talvez pelo sal que colocam na neve, é uma umidade que não se vai nem congela. Mas eu me vou, tenho que pegar o ônibus ainda...
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