O debate sobre o papel da natureza e da cultura na nossa formação é clássico e em muitas áreas não resolvido. Eu acho que esta questão vai ter cada vez mais espaço na agenda do mundo, na medida em que a informação se torna tão fácil e que percebemos que grande parte do que somos na verdade foi colocado na gente pelo ambiente em que crescemos e vivemos.
Por um lado isso causa um questionamento da nossa identidade, tipo, então o quanto de mim sou eu mesmo e não colocado em mim pelo ambiente? Mas para mim ainda pior que isso é que o ambiente que formata quem somos é basicamente um ambiente criado por seres humanos e que portanto é de certa forma artificial, com valores questionáveis, um ambiente de ilusões criadas pelo ser humano. Por exemplo, todo homem gosta de azul e mulher de cor-de-rosa, mas é claro que o fato de nós homens preferirmos a cor azul ao rosa não tem nada a ver com nós mesmos, com nossa pura preferência, é algo completamente ditado pelo ambiente onde estamos inseridos. Isso é ruim não só porque é uma manipulação artificial que fica em nós por toda a vida, mas também limita nossas escolhas, é uma restrição a nossa liberdade de ser e fazer. Bom, pelo menos em termos de cor, temos cores neutras, mas não é apenas cor e gênero que são associados pela cultura, mas praticamente tudo - a roupa que uso para ir pro trabalho, a religião, o que penso sobre a guerra no Iraque e o terrorismo, o carro que sonho comprar, a viagem que sonho fazer, o jeito que crio meu filho... olha, pouca coisa salva de ser determinado pela cultura, e não realmente por nós mesmos.
O que me leva a falar um pouco sobre isso foi este artigo na página da Superinteressante, o qual achei extremamente simples, mas enfim, serve como gancho para a gente pensar nessas coisas. O artigo simplifica um tema complexo, que também nem fica no campo da biologia, mas vai para o campo da filosofia quando concluimos que sim, somos determinados pelo ambiente em que vivemos de uma forma muito grande, mas o ambiente que vivemos não é um natural, é totalmente artifical e feito por seres humanos, portanto podia ser diferente, o que nos leva a perguntar se a influencia que recebemos desse ambiente é boa ou ruim, certa ou errada.
Em tempo, no artigo, a questão sobre o QI para mim é irrelevante uma vez que não acho que o QI defina bem inteligência ou defina pelo menos inteligencia de uma forma útil, podemos dizer. Tipo, acho que ele define apenas certos tipos de inteligência. No caso da violência, os efeitos da natureza são muito pequenos, não acho que são confiáveis, precisamos referência, precisamos bons estudos e sobretudo replicações(fora a complicação de definições - alguém sabe dizer o que é ser honesto ou criminoso? Será que os criminosos bem sucedidos e nunca capturados são classficados como honestos (e vice-versa)? E sobre o peso, veja, eu acredito que a genética é importante até um certo nível, mas o fato dos EUA terem uma das maiores proporções de obesos do mundo e Eritrea uma das menores, não é por eles serem geneticamente diferentes (ou sei lá, vc pode comparar EUA com França ou Nauru com Marshall Islands, se vc preferir população aparentemente mais geneticamente similares.
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