Um grito. Ele está feliz, não paga a passagem, ela quita e com as longs pernas descobertas. Sentam separados. Ele continua falando alto, ela se envergonha e no ponto seguinte move para um banco vazio atrás. Ele a segue. Ela se encosta na parede do ônibus, ele se encosta nela, conversando, às vezes ele fala alto com uma voz que denuncia a idade avançada, mas com alegria que denuncia idade de inocência. O sol parece quente, mas está frio, ela com as pernas descobertas, ele com blusa grossa. Descerão, e depois? Depois vem o escuro. Do sol que se vai, do sofrimento, do desconhecimento. Enquanto eu sento em frente ao computador, muitos momentos são vividos lá fora que prefiro longe de mim, sem na verdade conhecê-los. Me julgo privilegiado com o teto sobre minha cabeça, sem na verdade entender outras experiências.
domingo, 7 de abril de 2024
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