sábado, 13 de abril de 2013

Na loja de conveniencia

Acabei de correr e lembrei que precisava comprar leite. Muitas alternativas, mas se eu quero comprar apenas leite então a lojinha do lado de casa é a melhor opção. Entrei, peguei o leite. O sujeito atrás do balcão estava sendo muito cordial. Perguntou como eu estava, sorridente, alegre. Eu estava bem, nada melhor do que terminar um treino numa manhã fria e saber que tem café da manhã pela frente... "Ouvindo uma musiquinha legal hein", ele continuou. O dia começava aparentemente bem para ele. Ou ele era assim mesmo? Ou era política da loja tentar agradar todo mundo? Droga de sistema onde a gente tem que desconfiar até de quando os outros estão nos tratando bem. Eu não ouvia música. São muito poucas as músicas que eu gosto assim como são poucas as vezes que ouço música. Eu ouvia um programa de rádio que eu tinha baixado,"nunca com raiva", que na verdade foi transmitido em Outubro do ano passado. Eu tenho muitos desses programas no meu radinho, e quando não tem programa bom no rádio eu uso esses programas. E geralmente eu não gosto dos programas de rádio nos fins de semana de manhã. O programa era sobre o povo Inuit, que tem medo da raiva, como se fosse um Deus do mal, pelas coisas ruim que ela causa. Por isso eles praticamente não manifestam esse sentimento. Quis falar para ele que não era música, mas pensei duas vezes, respondi, também alegremente, "Sim, é bom né...". Disse que ia pagar com débido. Hoje em dia vc faz tudo, ninguém dá o cartão para o cara do caixa mais, e eu de vez enquando me enrolo com as diferentes máquinas... nunca esqueço daquela que tinha no restaurante Brasileiro que tinha uma luz tão forte que eu não conseguia ver. Mas a garota falava Português, foi fácil de me entender com ela. Disse o cara alegre que eu não precisava sacola plástica e me preparei para sair. Ele completou "Tenha um dia maravilhoso meu amigo". Falou de um jeito alegre, contagiosamente sorridente, anormalmente positivo, não como o sujeito normal do caixa que sempre nos trata bem, ele estava indo muito além e aparentemente sendo sincero. Foi impossível não dar uma risada. Disse a ele que muito obrigado, que ele tivesse um dia igual. Mais do que as palavras, o jeito positivo dele foi contagiante. Ele é provavelmente do Oriente Médio, talvez Mulçumano, com um Inglês às vezes difícil de entender, galera que tem sofrido um pouco aqui com a discriminação causada pelos atos de uma minoria radical. Quando eu saí da loja não pude deixar de pensar que vivemos todos presos em nossas normas sociais, nosso sistema falido que distancia as pessoas umas das outras e nos faz sermos individualistas e pensar apenas em nós mesmos, até ter medo de sermos positivos e tratar bem os outros. Tanto que quando alguém age assim, achamos estranho...

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